COLABORAÇÕES COM A NATUREZA (ano II)
Grupo de Estudos em Arte, Ecologia e Meio Ambiente do Mirante Xique-Xique
coordenação Rodriguez Remor
de 7 de maio a 11 de junho de 2025
encontros on-line via plataforma zoom, quartas-feiras das 18h30 às 20h30
inscrições de 21 de março a 17 de abril, via e-mail:
mirantexiquexique@gmail.com
vagas limitadas
Colaborações com a Natureza apresenta uma cartografia de artistas visuais e ativistas, cujas as práticas e obras exigem uma revisão fundamental da visão tradicional da arte e de nossa relação com o meio ambiente, enfatizando a necessidade de reavaliarmos as influências recíprocas entre as ações humanas e o mundo natural. O grupo de estudos foi criado com o objetivo de destacar estratégias capazes de desencadear pensamentos e ações que destaquem nossa conexão e dependência dos organismos e ecossistemas não humanos. Assim através do estudo de obras, artistas e da leitura de textos selecionados adentraremos no campo Arte e Natureza e nas escolhas tomadas pelos artistas que romperam com o cânone da representação da paisagem, para repensar as consequências da centralidade humana nessas relações.
A partir de meados do século XX, juntamente com a crescente preocupação em torno da saúde dos ecossistemas naturais e do nosso impacto sobre eles, muitos artistas criaram obras em espaços naturais, em colaboração com o mundo físico, para discutir as questões ecológicas. Entretanto como um conceito mais definido, um campo de estudo das Artes Visuais, Arte e Natureza ganha mais força no início da década de 1990, quando os artistas começam a pensar sobre seus arredores não apenas em termos de espaço vivido ou construído, mas como um sistema coeso no qual os humanos têm um papel central a desempenhar.
Vivemos uma mudança de paradigma epistemológico, a perspectiva antropocêntrica tradicional nos conduziu a crise climática atual e as discussões ligadas ao termo Antropoceno, conceito que se instaurou permanentemente em nosso vocabulário cotidiano, e que nos alerta sobre a fratura humana com o planeta. Como contra fluxo hoje nos socorremos das cosmologias ameríndias, da etnografia multiespécie proposta por Anna Tsing, do ativismo hídrico e agroflorestal de Vandana Shiva e das ontologias dos fins e recomeços propostas há mais de duas décadas por Deborah Danowski, concepções favoráveis a um posicionamento descentralizado da humanidade dentro da grande rede da vida. Essa mudança abre caminho para uma expansão conceitual dos termos agência e assembleia, atribuindo agência ativa não apenas aos humanos, mas também a todos os não humanos, animais, plantas e minerais.
A arte em colaboração com a natureza nos convida a reconsiderar a validade da separação entre natureza e cultura, reinterpretando esse binômio como dois elementos colaboradores, chamados a apoiar e nutrir um ao outro.
Os artistas que estudaremos buscam investigar nossa relação com o meio ambiente por meio da incorporação de sua prática artística nele. Isso muda a maneira como pensamos sobre o local da produção artística; ao invés de localizar o estúdio, como o único espaço de criação, esses artistas envolvem o mundo natural de uma forma muito mais ativa e imediata, seja trabalhando de novas maneiras ao ar livre ou trazendo materiais naturais para o espaço expositivo. Artistas que trabalham em harmonia com o ambiente natural, ao invés de perturbá-lo. Isso significa que eles consideram profundamente o impacto que têm como indivíduos na natureza. E além disso, ao trabalharem em colaboração com paisagens orgânicas e com materiais sustentáveis, esses artistas condicionam-se aos ciclos incontroláveis da passagem do tempo e seus processos de floração, erosão, regeneração e decadência. Os artistas que serão apresentados ao longo dos nossos encontros geralmente usam materiais naturais como folhas, flores, galhos, gelo, solo, fogo, areia, pedra e água como a base de suas obras ou escolhem situar seu trabalho em lugares específicos, geralmente com o intuito de transformar a maneira como esse local é percebido, ao mesmo tempo em que revelam a memória do que ali está ou já esteve. Isso exige que o público da arte repense o mundo ao seu redor e preste mais atenção às partes minúsculas e distintivas que compõem os diversos ecossistemas naturais, impedindo que se estabeleça uma leitura homogênea e simplificadora da paisagem e suas ecologias.
A quem se dirige?
A artistas, historiadores, jornalistas, biólogos, acadêmicos, interessados nas práticas artísticas ligadas ao campo Arte e Natureza.
O que propomos?
6 encontros online, via plataforma Zoom, nos quais leremos/discutiremos as seguintes obras:
7 e 14 de maio
DANOWSKI, Deborah. A Chuva Desmancha Todos os Fatos. São Paulo: N-1 Edições, 2024.
21 e 28 de maio
SHIVA, Vandana. Guerras por Águas: Privatização, Poluição e Lucro (2002). São Paulo: Radical Livros, 2006.
4 e 11 de junho
TSING, Anna Lowenhaupt. Viver nas Ruínas. Paisagens Multiespécies no Antropoceno. Brasília: Editora Mil Folhas do IEB, 2019.
Essas leituras nortearão o nosso estudo sobre as obras e as práticas dos artistas abaixo listados:
DELCY MORELOS
SORAYA MAICOÑO
SOLANGE PESSOA
GLICÉRIA TUPINAMBÁ
NORA NARANJO-MORSE
SAODAT ISMAILOVA
ANA MENDIETA
NICOLÁS GARCIA URIBURU
UYRA SODOMA
SARAH MALDOROR
CHARLES SIMONDS
MARIA THEREZA ALVES
ISAMU NOGUCHI
BERNARDO OYARZÚN
MAHKU
MARK DION
CHLOË BASS
CERRADO INFINITO
MEG WEBSTER
MUSEU BALDIO
JENNY HOLZER
INLAND – CAMPO ADENTRO
IAN HAMILTON FINLAY
THE CENTER FOR LAND USE INTERPRETATION
NICOLE DEXTRAS
FINA MIRALLES
MARLENE COSTA DE ALMEIDA
MOVIMENTO CHIPKO
AGNES DENES
URIEL ORLOW
PATRICIA JOHANSON
NERI OXMAN
entre outros
investimento
R$ 1.800 (3 parcelas de R$ 600) público geral
R$ 1.500 (3 parcelas de R$ 500) comunidade de artistas e pesquisadoras do MXX
dúvidas
mirantexiquexique@gmail.com
bibliografia complementar
BOETZKES, Amanda. The Body as Limit. In: ______. The Ethics of Earth Art. Minneapolis: University of Minnesota, 2010.
CARSON, Rachel. Primavera Silenciosa (1962). São Paulo: Melhoramentos, 1969.
CÉSAR, Filipa. Meteorizações: Agropoesia de Libertação de Amílcar Cabral. Digitar nº 9, 2023.
COOLIDGE, Matthew; SIMONS, Sarah; RUGOFF, Ralph. Overlook: Exploring the Internal Fringes of America with The Center for Land Use Interpretation. Nova Iorque: Metropolis Books, 2006.
DEMOS, T. J. Decolonizing Nature: Contemporary Art and the Politics of Ecology. Londres: Sternberg Press, 2016.
FERREIRA DA SILVA, Denise. On Heat. Canadian Art, 2018.
GUSTAFSON, Heidi. Book of Earth. A Guide to Ochre, Pigment, and Raw Color. Nova Iorque: Abrams The Art of Books, 2023.
KIMMERER, Robin Wall. A Maravilhosa Trama Das Coisas: Sabedoria Indígena, Conhecimento Científico e os Ensinamentos das Plantas. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2023.
LIPPARD, Lucy. Feminism and Prehistory. In: _______. Overlay. Contemporary Art and The Art of Prehistory. Nova Iorque: The New Press, 1983.
NOGUCHI, Isamu. The Isamu Noguchi Garden Museum. Nova Iorque: Abrams The Art of Books, 1987.
TANSMAN, Alan. Saburaimu/Sublime. A Japanese word and Its Political Afterlife. In: GLUCK, CAROL; TSING, A. L. Words in Motion. Toward a Global Lexicon. Durham: Duke University Press, 2009.
créditos das imagens do topo da página (sentido horário)
Isamu Noguchi. Sculpture to be Seen From Mars, 1947. The Isamu Noguchi Foundation and Garden Museum.
Louise Bourgeois. Nature Study (Velvet Eyes), 1984. Marble, steel, 26 × 33 × 27″. © The Easton Foundation, VAGA, NY.
Meg Webster Glen, 1987/2022 earth, vegetation, steel mesh dimensions variable, as installed: 13′ 5″ (409 cm) inside diameter Installation view: “Artgenève”, Geneva, Switzerland, 2022.
Solange Pessoa, Sonhíferas, 2020–2021.
Louise Bourgeois. Fountain Couple, 1999.
Solange Pessoa, Untitled, from Dionisia series, 2017, soapstone 12 5/8 x 39 3/4 x 29 1/2 inches, courtesy of Blum & Poe and Mendes Wood DM. Foto: Bruno Leão
Isamu Noguchi. Stoneware Face Abstraction, 1952.
Louise Bourgeois. Tree with Woman, 1998. Whitney Museum Collection.
Eduardo Kac, Natural History of the Enigma, transgenic flower with artist’s own DNA expressed in the red veins, 2003/2008. Collection Weisman Art Museum. Photo: Rik Sferra.
DELCY MORELOS
SORAYA MAICOÑO
SOLANGE PESSOA
GLICÉRIA TUPINAMBÁ
NORA NARANJO-MORSE
SAODAT ISMAILOVA
ANA MENDIETA
NICOLÁS GARCIA URIBURU
UYRA SODOMA
SARAH MALDOROR
CHARLES SIMONDS
MARIA THEREZA ALVES
ISAMU NOGUCHI
BERNARDO OYARZÚN
MAHKU
MARK DION
CHLOË BASS
CERRADO INFINITO
MEG WEBSTER
MUSEU BALDIO
JENNY HOLZER
INLAND – CAMPO ADENTRO
IAN HAMILTON FINLAY
THE CENTER FOR LAND USE INTERPRETATION
NICOLE DEXTRAS
FINA MIRALLES
MARLENE COSTA DE ALMEIDA
MOVIMENTO CHIPKO
AGNES DENES
URIEL ORLOW
PATRICIA JOHANSON
NERI OXMAN
entre outros