COLABORAÇÕES COM A NATUREZA
Grupo de Estudos em Arte, Ecologia e Meio Ambiente do Mirante Xique-Xique
coordenação Rodriguez Remor
de 27 de março a 5 de junho de 2024
inscrições via e-mail:
mirantexiquexique@gmail.com
Hoje em dia parece quase impossível entrar numa galeria de arte em São Paulo ou Bruxelas ou em algum centro experimental de arte contemporânea, ou ainda visitar algum website especializado do nosso campo, sem se deparar com trabalhos que expressem algum tipo de envolvimento com o mundo natural. Outrora uma área de interesse para um grupo relativamente pequeno de pessoas, a arte que aborda questões do meio ambiente, da ecologia ou simplesmente apresenta materiais naturais em sua composição vem integrando os programas de espaços comerciais, feiras de arte e de instituições culturais ao redor do mundo.
A natureza é o ponto de partida da arte e os artistas sempre buscaram inspiração nesse lugar, como também extraíram seus primeiros recursos de trabalho. E com os pigmentos argilominerais desenharam na pedra, notável fazer humano manifestado há milênios em todas as culturas do globo.
Tem havido uma tendência crescente na arte contemporânea de considerar o mundo natural não apenas como uma fonte de inspiração ou assunto a representar, mas também como um domínio que influencia diretamente uma esfera de ações para transformar e melhorar o convívio social e proteger o ecossistema natural.
Se pensarmos numa linha do tempo para essas práticas, podemos considerar as obras da Land Art e da Arte Povera, como também todas as práticas ligadas ao corpo e suas ações na paisagem realizadas nos anos 1960/1970, como as grandes matrizes para as práticas artísticas na natureza dos dias de hoje. Da nossa perspectiva atual, podemos questionar a ética ecológica dos artistas da Land Art devido a utilização de equipamento pesado para a movimentação de terras ou a criação de imensas estruturas de cimento que deixaram cicatrizes permanentes na superfície da Terra com um único objetivo: o legado da arte na escala da imensidão da paisagem. E é até por isso que o grupo de estudos em Arte, Ecologia e Meio Ambiente do Mirante Xique-Xique não pretende se debruçar demoradamente na leitura e no estudo de casos desse movimento, pois para nós as práticas em colaboração com a natureza têm mais ressonância, relevância e beleza do que modificar e marcar a presença do artista e da arte na escala do planeta.
O que propomos?
Através de 6 encontros online com leituras selecionadas, estudo de obras e entrega de bibliografia complementar, discutir, a cada dois encontros, três núcleos de assuntos:
ORIGEM
Feminismo, Pré-História, pigmentos naturais e a pedra. Práticas que contestam a separação de Natureza e Cultura. A escala humana, o corpo como limite para as práticas na natureza. Partiremos do seminal texto de Lucy Lippard, Feminism and Prehistory e assim conversaremos sobre os trabalhos das seguintes artistas: Solange Pessoa, Nicole Dextras, Fina Miralles, Ana Mendieta, Louise Bourgeois, Isamu Noguchi, Charles Simonds, Dennis Oppenheim e Giuseppe Penone.
ATIVISMO
As práticas ativistas dos coletivos e artistas: Center for Land Use Interpretation, Campo Adentro, Cerrado Infinito, Museu Baldio, Agnes Denes, Maria Thereza Alves, Nicolás García Uriburu, Felipa César, Frans Krajcberg e Uriel Orlow serão estudadas com base na leitura de textos de pensadoras com biografias dedicadas a defesa do meio ambiente e que galvanizaram artistas de diferentes movimentos para a criação de novos trabalhos de arte. Discutiremos Guerras por Água e Primavera Silenciosa de Vandana Shiva e Rachel Carson, respectivamente, em cruzamento com textos e artigos de Denise Ferreira da Silva e Filipa César.
COLABORAÇÕES
E no nosso último núcleo de trabalho, que dá nome ao grupo de estudos, mergulharemos nas obras das seguintes artistas: Patricia Johanson, Nina Katchadourian, Dan Lie, Ackroyd & Harvey, Mark Dion, Nils-Udo, Chris Drury, Andy Goldsworthy, Eduardo Kac e Meg Webster. Acompanhadas de leituras que serão indicadas no nosso primeiro encontro.
inscrições até 21 de março de 2024
vagas limitadas
Seis (6) encontros, via plataforma Zoom. Às quartas-feiras, 18h-20h
27 de março – ORIGEM I
03 de abril – ORIGEM II
15 de maio – ATIVISMO I
22 de maio – ATIVISMO II
29 de maio – COLABORAÇÕES I
05 de junho – COLABORAÇÕES II
investimento
R$ 1.500 (3 parcelas de R$ 500) público geral
R$ 1.200 (3 parcelas de R$ 400) comunidade de artistas e pesquisadoras do MXX
dúvidas
mirantexiquexique@gmail.com
bibliografia
BOETZKES, AMANDA. The Body as Limit. In: ______. The Ethics of Earth Art. Minneapolis: University of Minnesota, 2010.
CARSON, RACHEL. Primavera Silenciosa (1962). São Paulo: Melhoramentos, 1969.
CÉSAR, Filipa. Meteorizações: Agropoesia de Libertação de Amílcar Cabral. digitAR nº 9, 2023.
COOLIDGE, Matthew; SIMONS, Sarah; RUGOFF, Ralph. Overlook: Exploring the Internal Fringes of America with The Center for Land Use Interpretation. New York: Metropolis Books, 2006.
DEMOS, T. J. Decolonizing Nature: Contemporary Art and the Politics of Ecology. London: Sternberg Press, 2016.
FERREIRA DA SILVA, Denise. On Heat. Canadian Art, 2018.
GUSTAFSON, HEIDI. Book of Earth. A Guide to Ochre, Pigment, and Raw Color. New York: Abrams The Art of Books, 2023.
LIPPARD, LUCY. Feminism and Prehistory. In: _______. Overlay. Contemporary Art and The Art of Prehistory. New York: The New Press, 1983.
NOGUCHI, ISAMU. The Isamu Noguchi Garden Museum. New York: Abrams The Art of Books, 1987.
SHIVA, VANDANA. Guerras por Águas: Privatização, Poluição e Lucro (2002). São Paulo: Radical Livros, 2006.
TANSMAN, ALAN. Saburaimu/Sublime. A Japanese word and Its Political Afterlife. In: GLUCK, CAROL; TSING, ANNA L. Words in Motion. Toward a Global Lexicon. Durham: Duke University Press, 2009.
*a bibliografia completa será anunciada no primeiro encontro do grupo.
créditos das imagens do topo da página (sentido horário)
Isamu Noguchi. Sculpture to be Seen From Mars, 1947. The Isamu Noguchi Foundation and Garden Museum.
Louise Bourgeois. Nature Study (Velvet Eyes), 1984. Marble, steel, 26 × 33 × 27″. © The Easton Foundation, VAGA, NY.
Meg Webster Glen, 1987/2022 earth, vegetation, steel mesh dimensions variable, as installed: 13′ 5″ (409 cm) inside diameter Installation view: “Artgenève”, Geneva, Switzerland, 2022.
Solange Pessoa, Sonhíferas, 2020–2021.
Louise Bourgeois. Fountain Couple, 1999.
Solange Pessoa, Untitled, from Dionisia series, 2017, soapstone 12 5/8 x 39 3/4 x 29 1/2 inches, courtesy of Blum & Poe and Mendes Wood DM. Foto: Bruno Leão
Isamu Noguchi. Stoneware Face Abstraction, 1952.
Louise Bourgeois. Tree with Woman, 1998. Whitney Museum Collection.
Eduardo Kac, Natural History of the Enigma, transgenic flower with artist’s own DNA expressed in the red veins, 2003/2008. Collection Weisman Art Museum. Photo: Rik Sferra.