flavia mielnik

27 de março a 16 de abril de 2022
Flavia Mielnik é artista e educadora. Em seus trabalhos explora a coexistência entre os estados de ruína e construção, em busca de saberes em estado de extinção e histórias que escapam dos relatos oficiais. Muitos de seus projetos emergem de circunstâncias comunitárias específicas ligadas a uma determinada localidade, por meio de ações que combinam fotografia, vídeo, texto, desenho e a comunicação de diversas formas com pessoas.
Em seus trabalhos recentes investiga relação possíveis entre artes visuais e saúde mental, participando anualmente do Festival Soy Loco por ti Juquery no Complexo Hospitalar do Juquery em Franco da Rocha, coordenando o projeto educativo direcionado a usuários e profissionais dos CAPS e em projetos coletivos. Integra o Coletivo Cazumbá, grupo de ações artísticas e performáticas mobilizado pela Luta Antimanicomial e pela afirmação dos Direitos Humanos, dado pelo encontro entre artistas educadores, funcionários e usuários do Caps Itaim Bibi em São Paulo. Atualmente é coordenadora do Núcleo Educativo do Museu da Casa Brasileira em São Paulo.
Foi contemplada pela Temporada de Projetos do Paço das Artes apresentando o projeto Bermúdez: se extinguen las fieras? (São Paulo, 2018); pelo prêmio 22º Cultura Inglesa Festival com At Home I Em Casa (São Paulo, 2018); participou da residência FLORA ars+natura (Bogotá, 2017) e COMUNITARIA (Argentina, 2016).
March 27 to April 16, 2022
Flavia Mielnik is an artist and educator. In her works, she explores the coexistence between the states of ruin and construction, in search of knowledge in a state of extinction and stories that escape official reports. Many of her projects emerge from specific community circumstances linked to a particular location, through actions that combine photography, video, text, drawing and communicating with people in different ways.
In her recent works, she investigates possible relationships between visual arts and mental health, participating annually in the Soy Loco por ti Juquery Festival at the Juquery Hospital Complex in Franco da Rocha, coordinating the educational project aimed at CAPS users and professionals and in collective projects. She is part of Coletivo Cazumbá, a group of artistic and performative actions mobilized by the Anti-Asylum Fight and for the affirmation of Human Rights, given by the meeting between artist educators, employees and users of Caps Itaim Bibi in São Paulo. She is currently coordinator of the Educational Center at the Museu da Casa Brasileira in São Paulo.
She was contemplated by the Season of Projects of Paço das Artes presenting the project Bermúdez: se extinguen las fieras? (São Paulo, 2018); for the 22nd Cultura Inglesa Festival award with At Home I Em Casa (São Paulo, 2018); participated in the FLORA ars+natura residency (Bogotá, 2017) and COMUNITARIA (Argentina, 2016).
TALHA, por Flavia Mielnik
“A talha afina no pé e o pote de água é todo gordinho. A talha com o pé de madeira tem torneira e o pote de água pega com a concha ou com um copo. O pote de água ainda encontra, já a talha não encontra, quem tem, tem, quem não tem, não tem mais.”
Dona Zelitinha e Ane, descreviam o que fazia da talha ser talha e do pote de água ser pote de água e riam de mim, por não reconhecer. Foi assim que começou nosso papo na cozinha. 
Ane, que enxerga as formas como vultos, lembrava com atenção, a talha de memória. 
Dona Zelitinha me mostrava o objeto instalado, mas só de decoração, por que de tão antigo a torneirinha já estava quebrada.
Aurea, filha de Dona Zelitinha conta que a talha da cozinha de sua mãe tem mais de 100 anos.
Ane desenhava a talha no ar.
Ofereci lápis e papel.
A mão e o olho que não via, conversavam numa dança conflituosa mas corajosa, riscando de memória a forma da talha
Amarildo, que faz livros, aguardava pelo desenho que eu havia prometido para ilustrar a capa do próximo lançamento “Os grandes acontecimentos de Igatu 2022” e sugeriu uma imagem que representasse a Galeria Arte e Memória. 
Fui lá visitar a Galeria, um espaço-museu que guardava em vitrines, alguns antigos objetos do garimpo.
O gesto de Ane, desenhando a talha de memória me pareceu um grande acontecimento de Igatu.
Juliana comenta que o desenho da talha liga a memória de Ane a memória da arte, da galeria. 
Amarildo às vezes duvida e se questiona se é isso mesmo…
Veremos por Ane, 
para não esquecer 
da talha riscada sobre as pedras rosadas de Igatu.